Como será o outono? Veja o que diz a meteorologia sobre a estação que começa nesta quarta

O El Niño desfavorece chuvas no Nordeste, mas as condições de aquecimento do Atlântico tropical devem gerar chuvas intensas na região.

Foto: Divulgação

O outono começou nesta quarta-feira (20) e será de tempo muito seco e temperaturas acima da média em boa parte do Brasil. A nova estação teve início às 0h06 do dia 20 de março e se estenderá até as 17h51 do dia 21 de junho.

Estação de transição entre o verão e o inverno, o outono normalmente é caracterizado por chuvas mais escassas no interior do Brasil e temperaturas amenas.

Mas os efeitos persistentes do El Niño e atmosfera mais quente, influenciada pelo Oceano Atlântico mais aquecido, vão fazer com que o país tenha um outono de mais calor e tempo seco do que o registrado no ano passado, por exemplo.

Vinícius Lucyrio, climatologista da Climatempo, comenta que os primeiros dias da nova estação devem ser quentes, ainda por conta da ação da onda de calor que elevou as temperaturas no Brasil na última semana do verão.

Por volta do dia 21, a expectativa é que uma frente fria avance e quebre o padrão de calor. Com a massa de ar frio, as temperaturas devem ter uma queda, em especial no Sul e no Sudeste.

Além da previsão de tempo seco e calor para o outono, os meteorologistas destacam cinco tendências para as diferentes regiões do país:

O Brasil deve ter novas ondas de calor?

É improvável! Períodos de calor mais intenso do que o normal ainda são esperados para abril e maio entre o Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo e a região mais central do país. Mas o padrão esperado para a estação deve atuar e as temperaturas devem entrar em queda gradual.

A seca continua na região amazônica?

O fim do verão amazônico tende a ter mais chuva sobre a região, mas as temperaturas seguem acima da média. O nível dos rios pode chegar à normalidade, mas por pouco tempo.

O frio deve ser intenso durante o outono?

As primeiras quedas significativas de temperatura tendem a acontecer ainda em abril sobre o Sul e áreas do Sudeste. Mas, frio intenso é mais provável somente a partir de maio.

O Nordeste deve ter chuvas intensas e volumosas?

O El Niño desfavorece chuvas no Nordeste, mas as condições de aquecimento do Atlântico tropical devem gerar chuvas intensas na região. Com a temperatura acima da média, há um impacto no período úmido principalmente na faixa leste do Nordeste, com potencial para temporais.

Há risco para o litoral do Sudeste?

Sim, principalmente durante a passagem de frentes frias. Com o domínio de ar muito quente em todo o país e com as massas de ar frio ficando mais intensas, há um aumento do contraste térmico. As águas da costa de São Paulo e do Rio de Janeiro, que também seguem aquecidas, também favorecem a liberação de mais calor para a atmosfera.

Fim do El Niño

Nos meses de outono, o fenômeno El Niño, que já vinha em decaimento ao longo do mês de março, deve se desconfigurar. Isto é, a tendência é que as águas do Oceano Pacífico se resfriam gradualmente, entrando em uma fase neutra ainda em abril – sem a influência de nenhum de fenômeno.

Caracterizado pelo aquecimento maior ou igual a 0,5°C das águas do Oceano Pacífico, o El Niño acontece com frequência a cada dois a sete anos. A duração média do fenômeno é de doze meses, gerando um impacto direto no aumento da temperatura global.

Apesar do fim do fenômeno previsto para essa estação, esse outono ainda deve ser muito impactado pela influência do El Niño, muito por conta de sua forte intensidade ao longo dos meses.

A partir de junho, a expectativa é que se observe um resfriamento mais evidente das águas do Pacífico, com o estabelecimento do La Niña previsto para o inverno.

Veja como fica o tempo em cada mês do outono:

Abril

O primeiro mês da nova estação deve ser de temperaturas acima da média em boa parte do Brasil. O destaque para o tempo quente fica para as regiões mais a oeste do país, em especial o oeste de Santa Catarina, do Paraná e de São Paulo e boa parte do Mato Grosso do Sul.

De acordo com Lucyrio, nesse mês ainda há possibilidade de picos de calor, com atuação bastante presente de massar de ar quente e seco no Centro-Sul do país.

São Paulo e Rio de Janeiro devem ter um mês de abril ainda com extemos de calor. Na capital fluminense, as temperaturas ainda podem ficar acima dos 35°C, principalmente antes da chegada das frentes frias.

"Pode ocorrer o chamado aquecimento pré-frontal, quando as temperaturas de uma determinada região ficam mais elevadas antes da chegada de uma frente fria", comenta o meteorologista.

Já no Norte e Nordeste, a previsão é de mais chuva para o mês. Isso porque a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) atinge seu ponto de máxima aproximação com a faixa norte do país, contribuindo para a entrada de umidade na região.

Contextualização: a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) é um encontro de ventos na região do Equador. É dos principais sistemas meteorológicos causadores de chuva em parte das regiões Norte e Nordeste do Brasil, segundo o Inmet.

Ainda no mês de abril, o país deve ter a aproximação de três a quatro frentes frias. Os meteorologistas explicam que elas devem ficar afastadas do continente, passando em alto mar, o que diminui a influência dessas massas sobre o clima.

Maio

No mês de maio, a tendência ainda é de tempo quente e mais seco, mas com tardes mais amenas a partir da segunda quinzena do mês, consequência da entrada de um número maior de frentes frias.

A região Sul deve enfrentar um maior choque térmico com a aproximação das massas de ar frio. Vinicius explica que quando o ar quente da atmosfera entra em contato com um ar frio mais intenso, o encontro pode gerar fortes chuvas.

Há previsão de chuvas acima da média na região para toda a estação, com destaque para os dois primeiros meses, com a atmosfera ainda mais aquecida. Nas demais regiões, a previsão para o mês é de chuva abaixo da média.

Ainda em maio, a região Sudeste pode ter dias de máximas acima dos 30°C, algo considerado incomum para o período.

Junho

O último mês do outono deve seguir com a condição de tempo seco em quase todo o país. Com a aproximação do inverno, a tendência é que se registrem temperaturas mais amenas, com mais ocorrências de frentes frias.

Também com o resfriamento dos oceanos e o estágio mais inicial do La Niña, o Centro-Sul deve ter baixos índices de chuva. A condição também favorece a chegada de frentes frias, em especial no fim do mês.

Nesse último mês, o calor não deve ser tão prolongado como o observado nos primeiros meses da estação. A tendência é de tardes e noites mais frias.

Informações G1

SECOM - MAIS BAHIA 0424

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