Corpo de Bombeiros da Bahia envia mais 25 militares para ajudar vítimas das enchentes no RS

Objetivo da ação é auxiliar nos resgates e minimizar os estragos relacionados às chuvas nas cidades gaúchas.

Foto: Divulgação

O Corpo de Bombeiros Militar da Bahia (CBM-BA) vai enviar na quarta-feira (15), às 7h, outros 25 agentes para atuar no resgate das vítimas das chuvas no Rio Grande do Sul.

De acordo com informações do CBM, até a próxima sexta-feira (17), os 22 bombeiros que viajaram no início desse mês para o estado gaúcho vão retornar para Salvador, após quase duas semanas ininterruptas em atividades. Na ocasião, também embarcaram quatro médicos e um enfermeiro da Secretaria de Saúde do Estado (Sesab).

Os baianos convocados para a missão têm experiência em situações emergenciais decorrentes de desastres naturais e, além de ajudar nos resgates, também atuam em outras frentes para ajudar a minimizar os impactos dos temporais.

Desde que chegaram ao estado, os bombeiros ajudaram no resgate de mais de 200 pessoas em áreas de risco e 20 animais. Os bombeiros recuperaram, ainda, seis corpos.

Já os profissionais de saúde se dedicaram às questões de combate a endemias, organização de serviços, bem como preparar a retaguarda da assistência, medicamentos, insumos, recuperação de unidades prejudicadas pelos alagamentos e gerenciamento de abrigos.

Os temporais que atingem o Rio Grande do Sul desde o dia 29 de abril já causaram 149 mortes, de acordo com o boletim divulgado pela Defesa Civil nesta quarta-feira (12). Além disso, 112 pessoas estão desaparecidas, mais de 806 estão feridas e mais de 617 mil precisaram deixar suas casas.

Enquanto os primeiros bombeiros a viajarem para as cidades gaúchas se dividiram entre Caxias do Sul e Bento Gonçalves, desta vez os militares vão se concentrar somente na capital do estado, Porto Alegre.

Dia a dia dos bombeiros baianos no RS

- Os 22 bombeiros baianos chegaram de avião a Porto Alegre no dia 2 de maio. Na ocasião, a capital ainda não registrava grandes alagamentos e o aeroporto funcionava normalmente.

- De Porto Alegre, eles foram por terra para Caxias do Sul e Bento Gonçalves. O grupo encontrou alguns bloqueios no caminho e a viagem durou mais tempo que o normal. As duas cidades ficam a cerca de 40 km de distância uma da outra.

- Nas cidades, os militares estão divididos em quartéis e hotéis.

- A alimentação fica por conta de voluntários.

- Como não conhecem os territórios, os baianos trabalham juntamente com os gaúchos.

- Em imóveis que foram completamente destruídos, os bombeiros contam com a ajuda de moradores da região para identificar casas e cômodos.

'Cenário de guerra'

Quando o tenente-coronel José Emmanoel Sacramento chegou a Caxias do Sul, uma das cidades afetadas pelas chuvas no Rio Grande do Sul, o cenário era de guerra.

"Chegamos com um cenário de guerra. Muitos desalojados, desabrigados, vários animais perdidos e já com corpos para serem recuperados", contou.

A função inicial do grupo de Caxias era fazer os resgates de moradores em locais isolados, e de sete corpos de vítimas. "Eram duas famílias, uma de cinco pessoas e outra de dois senhores. Era um trabalho complexo, com o relevo bastante acidentado e ainda com risco", explicou o tenente-coronel Sacramento, como é conhecido na corporação.

Para ele, o resgate do casal de idosos foi o momento mais impactante do trabalho no Rio Grande do Sul. Como a casa deles foi totalmente destruída, os agentes contaram com a ajuda do filho para conseguir descobrir e acessar o local. Se os corpos não fossem retirados logo, poderiam ser ainda mais soterrados e, talvez, nunca recuperados.

"O filho do casal estava o tempo todo firme, nos ajudando. Quando contamos que havíamos recuperado os corpos, ele desabou. Foi algo que mexeu com todos nós, o alívio dele foi surpreendente. Infelizmente não os salvamos, mas poder devolver a oportunidade desse filho se despedir dos pais, velar os corpos e seguir a vida, foi gratificante", afirmou.

Chuva no RS

O Rio Grande do Sul decretou estado de calamidade pública no dia 1° de maio, pelos "eventos climáticos de chuvas intensas". A decisão foi publicada em edição extra do Diário Oficial do Estado.

O decreto destaca que o Rio Grande do Sul é atingido por chuvas intensas, alagamentos, granizo, inundações, enxurradas e vendavais de grande intensidade, sendo classificados como desastres de Nível III — caracterizados por danos e prejuízos elevados.

De acordo com o Climatempo, não há previsão de chuva para quarta, mas o frio vai continuar: em Porto Alegre a temperatura mínima será de 8°C, e a máxima de 16ºC, podendo ser registrado um novo recorde de menor temperatura do ano.

Bombeiros enviados em outras ocasiões

Em 2019, 28 bombeiros baianos foram para Minas Gerais, atuar no resgate das vítimas da tragédia de Brumadinho. Na ocasião, os agentes do 3º Grupamento levaram equipamentos de busca, a exemplo de câmeras térmicas e ferramentas de corte, e quatro veículos de tração, a pedido do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais.

O rompimento da barragem de rejeitos atingiu o Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG). Por onde a lama passou, deixou um rastro de sujeira e pessoas desaparecidas. Além das instalações da Vale, uma pousada e algumas casas foram destruídas. No total, 270 pessoas morreram.

Já em 2022, o Governo da Bahia enviou 12 bombeiros militares para Petrópolis, no Rio de Janeiro, após fortes chuvas atingirem a localidade. O centro da cidade ficou inundado e corpos apareceram depois que o nível do rio desceu. Houve ainda um deslizamento no Morro da Oficina, no bairro Alto da Serra, com, pelo menos 80 casas atingidas.

Foram enviados para Petrópolis bombeiros especializados em salvamentos, soterramentos, enchentes e inundações, busca e resgate em estruturas colapsadas.

Informações G1

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