Medida vai oferecer 900 vagas de capacitação em cursos
Apenas 23% das pessoas trabalhadoras domésticas no Brasil
(categoria que 92% são mulheres e 61,5%, negras) estão em condições formais,
com carteira assinada e direitos garantidos. Diante da situação precária e
redução de perspectivas dessas profissionais, o governo e a Federação Nacional
das Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad) lançaram, nesta terça 30), em Brasília
(DF), uma ação que vai qualificar empregadas domésticas no Brasil.
Inicialmente, o projeto, que tem o nome de “Mulheres Mil:
Trabalho Doméstico e Cuidados”, vai oferecer 900 vagas em cursos de capacitação
profissional voltados para trabalhadoras nos municípios de Aracaju, Salvador,
São Luís, São Paulo, Recife, Mesquita (RJ) e Nilópolis (RJ). O governo informou
que as primeiras aulas do curso na Bahia e no Rio de Janeiro acontecerão ainda
em abril, com direito a auxílio transporte e alimentação.
Uma das inscritas em curso de capacitação, e que esteve
presente no lançamento do projeto, foi a trabalhadora doméstica Ivi Souza. “Eu
me inscrevi no curso de cuidador de idosos porque já é algo que eu faço na
minha prática, no dia a dia. E ter mais essa formação através desse curso vai
valorizar ainda mais o meu trabalho”, disse. Ela considera a atividade muito
mal remunerada. “A sociedade precisa ser mudada com o cumprimento das leis”. O
governo entende que o aprendizado das alunas deve levar em conta os saberes
prévios das profissionais.
Luiza Batista disse que espera que a iniciativa não fique
somente como um “projeto piloto”. Essa preocupação também foi ressaltada pela
coordenadora-geral da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas
(Fenatrad), Luiza Batista. Ela afirmou que a atividade tem raízes históricas na
escravidão e, por isso, a sociedade brasileira pouca valoriza a profissão.
“Estamos batendo nessa tecla, que esse projeto tenha continuidade, pela
política pública que representa.”
O ministro Wellington Dias, do Desenvolvimento e Assistência
Social, Família e Combate à Fome, concordou que é necessário uma política de
cuidados. “Não pense que vai ficar só aqui, é para valer, será uma coisa
potente”. Ele disse que foi celebrado com o Ministério da Educação um termo
para esta área de formação. “Nós temos uma condição de, em cada um dos estados
do Brasil, trabalhar um plano que permita que a gente possa garantir um
megaplano de qualificação”.
O governo explicou que a iniciativa busca prioritariamente
atender mulheres que se encontram em situação de vulnerabilidade social e
econômica, em contexto de pobreza e extrema pobreza, baixo grau ou nenhuma
escolarização, responsáveis pelos cuidados de pessoas e domésticos e vítimas de
violência, observando as desigualdades interseccionais de classe, gênero, raça,
etnia, orientação sexual, curso de vida, território e deficiência.
Deixe seu comentário