‘Rock macumba’: Casapronta lança disco ‘Sete’ nas plataformas digitais

Seis das sete faixas do EP são de autoria do cantor e segundo o artista representa “minhas experiências e observações acerca do universo do terreiro que frequento, diluídas em poesia, acordes e atabaques.

Foto: Petry Lordelo

Sete músicas no dia sete. Sete é um número que representa a essência do músico e compositor Casapronta, que lança neste 7 de abril o primeiro disco como artista solo da carreira. O numeral é uma referência ao orixá Exú, cultuado no candomblé e na umbanda. Seis das sete faixas do EP são de autoria do cantor e segundo o artista representa “minhas experiências e observações acerca do universo do terreiro que frequento, diluídas em poesia, acordes e atabaques. O terreiro está presente de forma marcante nas canções”, disse Casapronta.

Segundo Casapronta, o EP traz o conceito de ‘rock macumba’, tanto pela sonoridade, que mescla rock, blues e percussão que marca a identidade afro-brasileira das canções. O tema que une todas as músicas é a matriz africana do candomblé e umbanda, desde a faixa ‘Dona Maria’, a mais rock do disco, até ‘Reza’, um samba louvação que encerra o disco. “Costumo dizer que minha África é minha casa, minha África é minha cabeça. Enfim, o disco ‘Sete’ traduz em sete canções, meu mundo atual, e meu mundo é onde piso, é meu chão. O disco ‘Sete’ é meu rock macumba”, comentou o artista baiano.

O debut de Casapronta na carreira solo chega com uma série de convidados especiais nas canções. ‘Dona Maria’ traz o guitarrista da banda soteropolitana Meus Amigos Estão Velhos, Bruno Carvalho. ‘Capa Preta’ conta com os acordes do bluesman baiano Eric Assmar. O músico Morotó Slim aparece na faixa ‘Mandinga’, Dudé Casado é o convidado de ‘Oferenda’, de Sergipe, da banda The Baggios, Julico participa de ‘Matamba’, na faixa ‘Deus é o Cão’ a participação especial de Martin Mendonça, guitarrista da banda da cantora Pitty. Já ‘Reza’ reúne além de Dona Dalva do Samba de Cachoeira, a filha Ana e a neta Any, que são três gerações do samba de roda, traz também Geovani Gallotti na guitarra, Victor Raizeiro no cavaquinho, Clebinho de Iemanjá no violão, Alan Cerqueira nos atabaques e Petry Lordelo no pandeiro.

“A mensagem é, hoje e sempre, a desdemonização do Exu e todo o panteão afro-brasileiro. Continuar na luta contra o preconceito e o racismo e intolerância religiosa, cada vez mais evidente no nosso país, principalmente depois de anos sombrios que vivemos recentemente. Parece que as pessoas esqueceram o respeito ao próximo e o direito de liberdade de cada um. Falar de Exu, Pombagira, ter atabaques nas canções com toques de candomblé e umbanda, falar de deuses e deusas na perspectiva de uma afro-brasilidade, é revolucionário, é enfrentamento”, completou Casapronta.

Além do lançamento do EP ‘Sete’ o artista prepara o lançamento também do clipe de ‘Reza’, no dia 8 de abril, uma segunda-feira, assim como o número 7, associado ao orixá Exú. O vídeo foi dirigido e produzido por Casapronta e Petry Lordelo e imagens de Petry Lordelo. “Filmamos com um celular, tem minha vida ali, muito de mim agora”, resumiu o artista.

Casapronta nasceu Pablício Jorge Santos Barbosa, em Feira de Santana, mas sua vida até os 17 anos foi em Cruz das Almas, no recôncavo baiano. Durante 25 anos fez parte da banda Clube de Patifes e também esteve à frente do projeto Casapronta e os Assentados, assumindo em 2024, carreira com artista solo.

Nas plataformas digitais, Casapronta pode ser encontrado nos links:

Spotify: https://encurtador.com.br/nrwIY

Deezer: https://encurtador.com.br/cpP58

Youtube (Disco ‘Sete’): https://encurtador.com.br/eirY6

Faixa a faixa de ‘Sete’ comentado por Casapronta:

1 - Dona Maria

“Canção que escrevi em homenagem à Maria Padilha, uma das mais populares pombagiras, da cultura afro-brasileira. É uma mulher à frente do seu tempo, independente, faz o que quer, como deve ser e não aceitar desaforo, nem tampouco violência contra ela. Chegar a ser temida por muitos homens. Tenho um respeito e admiração pela Maria Padilha, principalmente a que incorpora lá no terreiro.”

2 - Capa Preta

“Outra homenagem, só que agora para o Exu Capa Preta. Essa entidade é uma das mais respeitadas no nosso terreiro de umbanda, que fica no bairro da Baraúna, em Feira de Santana. Seu Capa, como costumamos chamar, já me deu provas de sua proteção e livramento de situações difíceis. Considero o Exu Capa Preta um grande amigo, e todo ano celebramos nossa amizade e agradecimentos, com uma grande festa”.

3 - Mandinga

“Trata-se da história de um cara que relata para o Zé Pilintra, no terreiro, que haviam feito uma mandinga a fim de o amarrarem pelo coração. Coisa feita para amor. Seu Zé diz que o que vale é o amor e que amor só existe se for de verdade. Fica aquela coisa de que mandinga para amor pode acontecer de dar certo, mas que não é para sempre”.

4 - Oferenda

“Uma balada blues, que trata de um daqueles temas mais abordados pelo estilo: o sofrimento com a desilusão amorosa. “Oferenda" é uma canção antiga, que só agora pôde ser gravada. Remete à dor fazendo analogias com o período sofrido da escravidão dos negros no Brasil. O refrão que diz, “Não pise na cabeça desse nego, não”.”

5 - Matamba

“Sempre quis fazer uma homenagem pra essa energia da natureza, essa energia feminina, que de certo modo me rege, também. Matamba na cultura Bantu é a correspondente a Iansã na cultura Iorubá. No panteão afro-brasileiro é uma energia que está ligada às mudanças, pela força dos seus ventos e tempestades, que movem tudo do lugar, para reorganizar.”

6 - Deus é o cão

“Essa é uma provocação, admito. ‘Deus é o cão’ é uma composição de um grande amigo de Feira de Santana, de quem sempre gravo composições. Duda Brandão é o cara, Duda Brandão é rock. No interior quando alguém era destaque em alguma coisa, fazia aquilo extremamente bem, era superior aos demais, era retado vamos dizer assim, todo mundo dizia: ‘É o cão’. Daí a analogia com Deus”.

7 - Reza

“Essa é minha celebração. É o fechamento perfeito do disco. Termina tudo em samba, samba de roda, samba de terreiro. “Reza” foi escrita em 2016, em Cachoeira, depois de passar por um infortúnio e tê-lo resolvido. Queria uma reza que fosse minha. Acredito que cada um deva ter a sua reza, daquelas que vem de dentro, bem lá do fundo de nós, com imensa verdade. “Reza” é um agradecimento e ao mesmo tempo pedido de proteção. Nunca escrevi uma samba, foi a primeira vez. Acho que ficou bom (risos).”

SECOM - MAIS BAHIA 0424

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