CPI ouve diretor de empresa de planos de saúde acusada de prescrever 'kit Covid' ineficaz

STF decidiu que diretor-executivo da Prevent Senior tem direito de não responder perguntas que possam incriminá-lo. Empresa teria 'assediado' pacientes para usarem cloroquina, diz senador.

Foto: Divulgação

A CPI da Covid ouve nesta quinta-feira (16) o depoimento de Pedro Benedito Batista Júnior, diretor-executivo da operadora de plano de saúde Prevent Senior.

A empresa, segundo relatos obtidos pela comissão, teria indicado a seus usuários o uso de remédios comprovadamente ineficazes para o tratamento da Covid.

Pedro Benedito Batista Júnior obteve nesta quarta-feira (15) no Supremo Tribunal Federal (STF) o direito de não responder a perguntas dos senadores que possam gerar uma autoincriminação do depoente.

Na decisão, o ministro Ricardo Lewandowski também garantiu ao diretor da Prevent Senior o direito de ser auxiliado por advogado e de não sofrer constrangimentos, em especial ameaças de prisão ou de processo, caso queira ficar em silêncio para não se autoincriminar.

Autor do requerimento de convocação de Pedro Benedito Júnior, o senador Humberto Costa (PT-PE) afirma que o diretor da Prevent Senior precisa explicar à CPI "as razões que motivaram a distribuição e prescrição do 'kit covid', a despeito da ausência de comprovação científica de eficácia".

Costa diz que a CPI tem recebido denúncias de "diversos usuários" de que usuários da operadora de plano de saúde são "assediados" para utilizarem o kit que, entre outras drogas ineficazes, é composto por cloroquina.

"Essa empresa insiste e assedia os pacientes com essa medicação sem eficácia. Se fazem isso com quem está em casa, imagine quem está internado com Covid-19", diz trecho de uma mensagem que a CPI recebeu, segundo Humberto Costa.

"Minha companheira testou positivo ontem e, ao passar pela consulta, o médico disse que era protocolo da empresa oferecer o kit. Ela recusou. Mais tarde, em casa, recebeu um telefonema de um funcionário insistindo em que ela aceitasse tomar o kit com cloroquina, porque era o único remédio para isso e, se a doença ficasse pior, não tinha o que fazer a não ser entubar", afirma outro trecho da mensagem citada pelo petista.

A recomendação e a aposta em medicamentos ineficazes por parte, principalmente, de políticos é uma das linhas de investigação da CPI.

Relatório elaborado por um grupo de juristas afirma que o presidente Jair Bolsonaro pode ter cometido crime de responsabilidade ao promover aglomerações; incentivar o uso de produtos comprovadamente ineficazes contra a Covid, como cloroquina e ivermectina; e ao criticar o isolamento social.

Informações G1

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