Brasil ainda precisa aplicar 200 milhões de doses para imunizar toda a população acima de 18 anos

De acordo com o estudo de pesquisadores da UFRJ e da USP, as constantes revisões do cronograma do Ministério da Saúde de entrega de vacinas comprometem o ritmo da imunização.

Foto: Divulgação

O Brasil ainda precisa aplicar 200 milhões de doses para imunizar todos os maiores de 18 anos.

O Ministério da Saúde recebeu nesta sexta-feira (16) mais 1 milhão de doses da CoronaVac e 4,5 milhões da vacina da Fiocruz. Já são 55 milhões de CoronaVac e 74 milhões da AstraZeneca.

Mas o Brasil ainda precisa de mais para imunizar totalmente a população acima de 18 anos, 160 milhões de pessoas. Para chegar lá, pesquisadores da UFRJ e da USP mostram que o país ainda precisa aplicar 200 milhões de doses.

“Tem que ser, no mínimo, um milhão de doses por dia até o final do ano para que a gente consiga alcançar metas razoáveis de cobertura vacinal. E quando eu falo um milhão por dia, é de segunda a domingo”, diz Guilherme Werneck, médico e professor de epidemiologia da Uerj e da UFRJ.

O governo federal garante que todos os brasileiros com mais de 18 anos estarão imunizados até o fim do ano. Para cumprir essa meta, estados e municípios se baseiam na projeção de entrega de doses do Ministério da Saúde, que nem sempre se confirma.

Em abril, o cronograma do Ministério da Saúde previa mais de 52 milhões de doses em junho. Entre maio e junho, essa projeção foi revisada cinco vezes. No final de maio, a expectativa já tinha caído para 43 milhões de doses. Quando junho terminou, o total repassado a estados e municípios foi de 39.967.810, 12,2 milhões de doses a menos. A previsão de entrega para julho é de cerca de 40 milhões.

O Ministério da Saúde promete que, até o fim do ano, vai distribuir 662 milhões de doses. E incluiu nessa conta 20 milhões de doses da Covaxin, que teve o contrato suspenso por suspeitas de irregularidades, e 10 milhões da Sputnik V, que só pode ser usada, por decisão da Anvisa, para a vacinação de 1% da população de seis estados do Nordeste.

O epidemiologista Guilherme Werneck, professor da UFRJ e um dos autores do estudo, diz que as constantes revisões do cronograma comprometem o ritmo da vacinação.

“Essa questão da previsibilidade é essencial. Nós sabemos que o que interessa é a vacina administrada de fato. Se as revisões na distribuição são feitas periodicamente, essa previsibilidade fica difícil de ser realizada na ponta, porque com essa distribuição para estados, de estado para municípios, de municípios para unidades de vacinação, esse processo é um processo complexo, envolve muita gente bem treinada, mas que só pode realizar seu trabalho com previsibilidade. Então não adianta prometer doses se elas não são realizadas”, afirma.

O Ministério da Saúde disse que projeta as entregas de vacinas com base na previsão dos laboratórios. Que há variáveis que não dependem da pasta, como não recebimento de insumos e as questões de logística. E que o contrato da Covaxin foi suspenso por recomendação da Controladoria Geral da União.

Informações G1

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