CANUDOS EM CORDEL - X

Foto: Divulgação

O clima muito salubre
Mas o sol quente do dia
Fez um calor sufocante
Que atacou desinteria
Morreu criança sem conta,
As mulheres fugiam tontas
De uma triste epidemia.
 
Chamaram major Febrônio
E lhe deram 500 soldados
Disseram Canudos só tem
200 homens desarmados
Dou canhões e dou dinheiro
Traga preso o Conselheiro
Vai homem de todo o estado.
 
Major Febrônio disposto
Com quatrocentos e cinquenta
Soldados com muitas armas
Foram para o campo da luta.
Na subida do Cambaio
Jagunços entrincheirados
Fizeram um grande estrago
Com tiros que disparavam.
 
Revidaram com canhões
Em todas aquelas pedreiras
Morreram do Conselheiro
Entre as pedras das defesas
Algumas centenas de homens
Febrônio salvou seu nome
Nessa história brasileira.
 
O grupo saiu do Cambaio
E no Riacho do Sargento
Passaram a tarde em paz
Sem haver impedimento,
Resolveram descansar
No Cipó Maracujá
Fazendo acampamento.
 
No dia seguinte às matinas
A tropa de prontidão
Disseram ao guia Pedro Barra
Por ser filho do sertão
“Marque direito Canudos
Vou acordar os borrachudos
Com um tiro de canhão”.
 
 
Mal terminou tais palavras
Viu gente de toda parte
Alguns armados de lança
Outros de bacamarte
Até mesmo a ferro frio.
Escorreu sangue no rio
Das armas de toda arte
 
Com mortos de ambas as partes
A lagoa toda tingiu
O sangue correu tão forte
Que foi engrossar o rio
Após a sangrenta ação
O major se lamentando
Falou em pouca munição
 
E a comida acabando
“Podemos ir pra Canudos
Pra nos arriscar a tudo
Nossa missão se cumprindo
Ou voltamos devagarinho
E pelo mesmo caminho
Para aqui de novo vindo.
 
Contra o povo do sertão
Usem armas de espoleta
“Voltemos todos calados
Sem dar toque de corneta
Naqueles picos agudos
Há cinco mil em Canudos
Que não temem baioneta.

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