PMs dizem ter usado 7 bombas e 8 balas de borracha no baile funk em Paraisópolis

8 mil pessoas estavam em baile da DZ7 em que ocorreram as mortes, afirmou subtenente.

Foto: Divulga��o

Policiais militares que participaram da ação em um baile funk que terminou em tumulto e a morte de 9 pessoas em 1º de dezembro de 2019 disseram, em depoimento à Corregedoria da corporação, que utilizaram 7 bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral na dispersão do evento.

Também foram disparadas, segundo a versão dos PMs, 8 balas de borracha contra a multidão durante o tumulto, que durou 15 minutos.

Nem todos os 31 PMs que participaram da ocorrência afirmaram à Corregedoria da PM a quantidade de munição não-letal que usaram na ação. Apenas alguns deles relataram lembrar da informação.

A informação consta em 1.039 páginas de investigações do caso. Dois inquéritos instaurados na Corregedoria da PM e no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) apuram o ocorrido. Agora, os PMs ainda também vão prestar depoimento no DHPP sobre estes dados.

Um mês e meio depois do ocorrido, os investigadores já sabem também o trajeto que as motos e viaturas da PM percorreram dentro de Paraisópolis nos momentos anteriores à operação que levou à dispersão do baile funk da DZ7, que ocorria na favela.

Agora, tentam descobrir de que forma a ação policial contribuiu para as mortes e para deixarem mais 12 pessoas feridas.

Um dos policiais que participou da ocorrência, um subtenente da Rocam (de motos), calculou, em depoimento, que havia 8 mil pessoas no baile funk na hora da operação.

A investigação já aponta respostas a algumas perguntas sobre o ocorrido. Os investigadores já sabem, por exemplo, quais ruas os PMs percorreram naquela madrugada.

Naquela noite, os policiais chegaram à comunidade de moto pela Rua Rodolf Lutze, localizada na região do Morumbi, na Zona Sul de São Paulo, perseguindo dois suspeitos, que também estavam em uma moto, até que eles entraram no baile da DZ7.

Os PMs disseram então, que decidiram desviar da multidão e seguir pela rua Iratinga e, três quadras depois, encontraram uma viatura da PM.

As duas equipes se encontraram com outras equipes que haviam sido desviadas ao local para dar apoio na Rua Ernest Renan. De lá, todos seguiram juntos em direção ao pancadão.

Um grupo de policiais ficou em uma esquina, enquanto que outros policiais, que ouviram o pedido de ajuda pela frequência interna de rádio da PM, chegaram pelo lado oposto.

O mapa da ação dos policiais foi feito pela Corregedoria da corporação e não mostra o local do baile. Mas, testemunhas relataram em depoimento ao DHPP que a multidão ficou entre esses dois grupos de policiais.

Todos os 9 mortos no tumulto estavam na mesma viela, que fica no meio de uma quadra. Laudos do Instituto Médico Legal (IML) apontam que as vítimas morreram sufocadas.

Os 31 policiais que participaram da ação já prestaram depoimento à Corregedoria da corporação. Segundo o subtenente da Rocam que liderou a ação, uma viatura da PM foi atingida por uma garrafa no vidro traseiro e vários policiais foram alvo de objetos arremessados pela multidão.

Este policial contou ainda que a equipe dele usou três bombas de gás lacrimogênio, uma de efeito moral e cinco balas de borracha pra dispersar a multidão.

O ouvidor da polícia de São Paulo, Benedito Mariano, diz que já possível afirmar que houve falhas na operação.

“Preliminarmente, a Ouvidoria entende que nas duas ocorrências, a de perseguição dos supostos criminosos e em consequência de controle de distúrbio, houve equívocos, houve erros e nós vamos detalhar esses equívocos principalmente a partir da análise do último manual de controle de multidões da própria PM”, disse o ouvidor.


Informações G1

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