FALA MUITO!

Foto: Divulgação


 


Ultimamente tem sido difícil acompanhar a verborragia do presidente da república sem que nos cause preocupação. Ele passou a falar sem freios, no velho estilo de deputado de baixo clero, quando ainda ocupava uma das cadeiras do parlamento e como ninguém dava importância ao que bradava, ficava no esquecimento suas falas em razão de sua pouca importância politica.

 


No entanto, hoje ele ocupa a presidência da república. Esperava-se ao chegar ao cargo mais importante do país, fosse controlar a sua retorica agressiva, diversionistas e oca. Mas parece que ele não dá ao cargo a liturgia que exige e comporta-se como aquele tiozão que faz churrasco no quintal da casa e lá passa o tempo todo a dizer bobagens sem fim. Esquece-se que seu falatório tem repercussão em todos os seguimentos da sociedade, afinal ele representa a figura politica mais importante do país. A sua função exige comedimento e inteligência quando expressa suas convicções. Mas estas qualidades ainda não estão visíveis desde quando chegou ao planalto.

 


Nas últimas duas semanas superou em tudo que se possa não expressar ou esperar de um presidente da república. Dentre as bobagens de alto calado ditas ao sabor dos ventos, separei algumas que representam suas ideias - tenho realmente dúvida se realmente significam ideias -, para ficar nas mais recentes. Então vamos a ela.

 


Dentre as muitas sandices chamou os governadores do nordeste de Paraíbas e ainda determinou que não enviasse qualquer ajuda ao Maranhão. Um presidente da república não pode espalhar preconceito de qualquer ordem. Por ser o magistrado supremo do Estado brasileiro, compete a ele desestimular qualquer laivo de preconceito, afinal ao tomar posse como presidente da república jurou solenemente cumprir a constituição federal e se faz uma declaração desta, está descumprindo o seu texto. Neste caso específico o descumprimento foi duplo. Acentuou o preconceito, pois chamou de “paraíbas” autoridades eleitas democraticamente, como também negou recursos a um estado da federação quando não pode contingenciar verbas simplesmente porque não simpatiza com este ou aquele governador. Como o presidente é um americanófilo, se é que ele sabe disto, lá na América o presidente já teria sido defenestrado do cargo ao fazer alusão deste tipo.

 


Outra situação foi dizer que o jornalista do site Intercept  Greenwald “talvez pegue uma cana” por divulgar as mensagens envolvendo o ministro Moro e os promotores da lava jato. Ao que parece, o ínclito presidente da república, desconhece a constituição federal que jurou defender. Está assegurado ali o sigilo da fonte, ou seja, é garantido aos jornalistas que as fontes de suas informações sejam mantidas em sigilo. É um direito universal em todas as democracias do mundo. Se existe um fato público e é de interesse público, a fonte lhe é garantido o total sigilo. O raciocínio obtuso de que a origem da informação foi obtida ilegalmente não anula aquilo que é de interesse público fosse divulgado. Competem aos órgãos do Estado punir que obtém estas informações contrárias as leis. O jornalista não está compactuado com o crime quando publica estes fatos. Qualquer coisa em contrário sinto dizer, é burrice.

 


O mais recente e mais grave foi tratar a morte do pai do presidente da OAB nacional sem empatia e desdém, como se falasse de uma coisa corriqueira. Ao longo do dia, depois que falou as barbaridades, que recuso aqui neste espaço repetir, foi alterando suas versões num clara evidência de que não sabia o que falava. E durante o corte de cabelo, numa live saiu-se com uma emenda pior que o soneto. Disse sem nenhuma desfaçatez que o pai do presidente da OAB foi morto por seus correligionários, pois segundo sua lógica distorcida era comum entre os grupos clandestinos que enfrentava a ditadura eliminar os seus quando havia sinais de descontentamento com a atuação de seus membros. É uma fala de quem não sabe o que diz. E o pior foi afirmar que sabia desta informação que lhe foi passada e guardou para si e não contou para mais ninguém.

 


Sabem o que há de comum nestas frases ditas pelo presidente da república? São todas passíveis de enquadramento por crime de responsabilidade e de injuria racial. Que no caso específico do presidente da república o seu afastamento se daria por impeachment. Mas isto não vai acontecer apesar de termos leis que disciplinam e punem autoridades que diz estas barbaridades. Infelizmente ainda não temos instituições politicas fortes o suficientes para enquadrar o presidente da republica e assim evitar que continue a dizer as bobagens incompatíveis para o cargo que ocupa. Mas o pior são os que aplaudem e incentivam as barbaridades ditas pelo presidente Bolsonaro, como se fosse dignas de um ocupante da presidência. Mas como diz o sociólogo Domenique Demasi: O que me preocupa não é a inteligência artificial, mas a burrice das pessoas. Tenho dito.

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