Lázaro Ramos protagoniza nova versão cinematográfica de O Beijo no Asfalto

Murilo Benício estreia na direção com refilmagem de clássico de Nelson Rodrigues

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Homem é atropelado na rua e, à beira da morte, pede ao desconhecido que lhe ampara nos braços um beijo na boca. O outro atende ao pedido. Consumado, o fato é visto como indício de um crime abominável naqueles preconceituosos idos dos anos 1950: o de pederastia.

Trama do genial dramaturgo Nelson Rodrigues (1912- 1980), O Beijo no Asfalto volta ao cinema para marcar a estreia na direção de Murilo Benício, que deixou para trás a narrativa literal de Bruno Barreto, no longa de 1980, para montar um misto de filme de ficção, teatro e documentário com os bastidores da produção, tudo em preto e branco

Acontece que Arandir (Lázaro Ramos agora, Ney Latorraca antes), o do beijo solidário, vive um casamento convencional com Selminha (Débora Falabella) e uma tensão sempre muito formal com o sogro Aprígio (Stênio Garcia nesta versão, Tarcísio Meira no filme de Barreto).

Marcando as relações com um moralismo peçonhento, dona Matilde (Fernanda Montenegro), a mãe de Selminha, envenena a esposa ‘traída’ na mesma medida em que o repórter antiético Amado Ribeiro (Otávio Muller) mancheta em letras garrafais o tal beijo no asfalto que ‘achincalhou’ a vida dos cariocas.

Refilmagem
A ideia de resgatar a história vem do início dos anos 2000, quando Benício leu o texto da peça. E lá decidiu que aquele seria seu marco zero como diretor. “Lembro que li o livro e o filme inteiro veio na cabeça”, explica, ressaltando que a realização, de lá para cá, não foi de uma digestão fluida. “É difícil fazer Nelson. Só pensam em comédia; nada contra, inclusive. Mas é importante manter um cara como Nelson vivo”, completa Murilo.

O filme foi finalizado com recursos próprios, do Fundo Setorial do Audiovisual, do RioFilme e do Canal Brasil. As gravações ocorreram em 2015, durante 12 dias, num esquema madrugada adentro. Fã dessa dinâmica, Débora Falabella (que é casada com Benício desde a época em que trabalharam juntos na novela Avenida Brasil) diz que as coisas corriam às mil maravilhas: “Não passa carro nem tem gente te ligando, mandando mensagem.”


Em entrevista à Agência Estado, Murilo Benício destacou o “elenco maravilhoso” e também a presença do veterano fotográfo Lula Carvalho. “A câmera na mão dele é uma coisa viva. Queria que o espectador se sentisse parte do nosso processo - ele (Lula) conseguiu”, afirmou.

Sobre a atuação de Lázaro Ramos, elogiou: “Lázaro é a pessoa mais gentil que conheço. Sabia que ele ia fazer um Arandir com camadas, só não sabia que ia ser muito melhor que sonhei”.

O texto do espetáculo O Beijo no Asfalto foi escrito por Nelson Rodrigues em 1960, em apenas 21 dias, sob encomenda de Fernanda Montenegro, que o encenou no teatro, e mostra como a vida de Arandir muda após ele ser alvo de notícias falsas. De uma hora para outra, é visto como homossexual.  Murilo Benício diz ter se assustado com a atualidade do texto, desta vez roteirizado por ele:


Correio 24h

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