Saiba como está preparada a 8ª FLICA que começa na quinta (11)

Responsáveis pela feira literária falam o que podemos encontrar na programação abrigada em Cachoeira

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A Feira Literária Internacional de Cachoeira (FLICA), considerada a mais charmosa do Brasil, chega a sua 8ª edição entre os dias 11 e 14 de outubro. Um dos maiores e mais renomados eventos literários do país a Flica reunirá uma programação variada, conduzida por autores da literatura nacional e internacional, que promete agradar adultos e ser uma boa opção para agregar ao dia das crianças, com debates literários, exposições, apresentações artísticas, contações de história, entre outras oportunidades.

Para saber tudo que se passa nos momentos prévios e o que podemos esperar desta edição, Laís Sousa conversou com o coordenador geral e um dos idealizadores da Flica, Emmanuel Mirdad, além de Tom Correia, jornalista e escritor responsável pela curadoria do evento. Veja essa entrevista exclusiva para o Bom Dia Feira:

Com o recente incêndio do Museu nacional, a desvalorização da cultura por parte dos nossos governantes, o que eventos como a Flica representa nacionalmente hoje? Qual a diferença que uma Feira Literária faz no cenário atual do país?

Emmanuel Mirdad: A gente acredita que a Flica representa nacionalmente a possibilidade de celebrar a literatura e a cultura literária. É uma oportunidade para que, naquele período da realização do evento e até mesmo antes dele, na preparação dos estudantes nas escolas, a literatura esteja no foco, em evidência, sendo estudada, lida, comentada, compartilhada, celebrada com uma festa, porque isso é importante para a cristalização do ato da leitura nas pessoas.  A diferença que uma festa literária faz no cenário atual do país é promover a difusão do conhecimento, porque o ato de ler é importantíssimo para a apreensão do conhecimento, fazer com que as pessoas queiram pensar fora da caixa, fora das redes de influência, pensar por si mesmas, refletir, ter a sensação de que é possível ir além, ter mais do que esse pequeno mundo que estamos imersos no nosso feed diário, então a diferença de uma festa literária é celebrar o conhecimento e ir contra a ignorância, brutalidade e etc....

O que Cachoeira oferece para somar a acolhendo esse evento?

Emmanuel Mirdad : Quando eu e mais quatro sócios nos reunimos e decidimos criar uma festa literária na Bahia, imediatamente veio a cidade de Cachoeira como ideal porque ela tem toda essa importância pra religiosidade dos afro-brasileiros, com seus terreiros ao redor, é uma cidade histórica e heroica, importantíssima para independência do nosso país, é uma cidade com um casario colonial muito bonito e acolhedor que traz a sensação de estar vivenciando a história. Isso é um charme para a festa literária. Cachoeira é pertinho de Salvador, há 1:30min da capital, em questões logísticas é fundamental para desembarcar nacional e principalmente internacional sem que precise pegar horas de estrada, enfim, isso é um conforto para os autores que vêm. A cidade acolheu super bem, as pessoas adoram o evento e costumam frequentá-lo, até por ele ser gratuito, isso facilita, e também eleva a auto-estima do cidadão e forma novos leitores, as crianças de Cachoeira, das escolas municipais, esperam um ano para poder ir na Fliquinha, aproveitar e vivenciar isso. Essse próprio intercambio do público vindo de outros lugares é importante para o desenvolvimento da cidade, fora o desenvolvimento econômico. Cachoeira é isso, um patrimônio histórico para cultura afrodecendente, então a Flica tinha que acontecer em Cachoeira.

Temos um tema central a ser discutido em 2018? Porque ele foi escolhido?

Tom Correia: Não existe um tema específico para as edições da Flica.

O que temos de diferente nesta 8ª edição?

Tom Correia: Além da presença de autores internacionais do nível de Valter Hugo Mãe, Patricia Hill Collins e Margarita García Robayo, as duas pela primeira vez num evento literário no Brasil, teremos ainda o Diálogos Insubmissos de Mulheres Negras, um evento à parte encerrando a edição.

Ao criar o projeto, vocês tinha pretensão de crescer, claro, como encaram a proporção que a Flica tem atualmente?

Emmanuel Mirdad: A Flica foi criada por quatro pessoas, em 2009, eu incluído. Desses quatro três permanecem a frente da Flica, são sócios da CALI, que é uma das produtoras do evento. Gostaria muito que a iniciativa privada pudesse aparecer mais no evento, seja abrindo restaurantes, melhorando os serviços, melhorando a hospedaria, abrindo novas pousadas para que possamos receber melhor os visitantes porque realmente o evento cresceu de maneira incrível e que a infraestrutura da cidade as vezes deixa a desejar. A gente reconhece isso mas é algo que a gente não tem como fazer porque foge da nossa orçada e a gente depende da iniciativa privada. Compreenda que é uma oportunidade que a gente atrai muita gente para Cachoeira, e que gera muitos recursos e que a maioria não é bem atendida. 

Falando sobre proporção, a gente fica feliz por perceber que há uma demanda, por esse tipo de evento muito grande. Tanto que a existência da Flica influenciou a criação de outras festas literárias como a Flicê – Mucugê, Flipelô- Salvador, entre outras. A Flica é a pioneira, primeira feira literária da Bahia e a principal do Norte-Nordeste. A gente fica feliz com isso mas continua com a dificuldade em relação a crise econômica que o país está vivendo de captação de recursos, os recursos estão escassos, e isso pode prejudicar a realização do evento nos próximos anos.

Quanto tempo de trabalho para realização de cada edição e quantas pessoas envolvidas nesse processo?

Emmanuel Mirdad: Sobre o tempo de trabalho, são fases, todo evento começa no ano anterior, estar com evento na rua captando os recursos, os curadores já têm que pensar a programação com antecedência. O trabalho mais intenso de hiperprodução, produção e execução já é nos três meses antes do trabalho que é um trabalho firme. No período anterior da execução do evento são cerca de 25 pessoas envolvidas, durante a execução chega a 250 e se contar os trabalhos diretos em indiretos chegam a 300. Fora os relacionados a rede de estrutura de Cachoeira que não temos como dimensionar. 

Qual a expectativa de público esse ano?

Emmanuel Mirdad: A gente espera receber em média 25 a 30 mil pessoas, assim como nos últimos anos.  A gente fica muito feliz de que essa formula da programação seja inteiramente gratuita, uma inovação nossa que deu resultado e proporciona que as pessoas queiram ir, pois elas estão livres para circular pelo evento sem precisar pagar ingresso por isso.

Porque as crianças devem ser levadas a Flica?

Emmanuel Mirdad: Esse ano, porque é bem no feriadão do dia das crianças, então é uma excelente opção para as famílias levar as crianças, porque a Fliquinha é uma programação de sucesso, contação de histórias, espetáculos, bate-papo com autor, procuradoria de Lilia Gramacho e Mira Silva. Esse ano tem a primeira participação de um autor internacional na Fliquinha. É um momento para que a criança possa viajar, dar asas à imaginação,  momento de que ela se aproxime do livro e isso é fundamental para a construção de novos leitores e pessoas críticas ao sistema, pessoas com capacidade de pensamento e de reflexão para não ser gado e essa ligação com livro começa na infância, tem que ser influenciado sim e aproveita que a Fliquinha é de graça!

Tem conteúdo específico envolvendo os paradoxos dos jovem e adolescente?

Emmanuel Mirdad: Mais uma vez, por conta da escassez dos recursos, esse ano não iremos conseguir fazer a programação voltada especificamente para os jovens, essa propriedade a gente não conseguiu estrear ainda, mas a gente vai ter alguns autores que os jovens conhecem, especialmente o pessoal das redes sociais, especialmente o Zack Magiezi e a Riane Leão, fenômenos do Instagram, assim como o autor de Muritiba, o Edgard Abbehusen, que esse pessoal conhece mais, ele está próximo. E também autores que eles consomem, leem e compartilham nas redes sociais como a Djamila Ribeiro e Eliene Brow.

O que cativa os adultos de todo o Brasil nesta feira literária? Quais de debates são trazidos à tona?

Tom  Correia: A Flica é um evento que desperta muito afeto e emoção nas pessoas. Não apenas nos adultos, mas também as crianças são contempladas pela Fliquinha. Mas para além da questão afetiva, a Flica está sempre atenta aos debates do nosso tempo que perpassam a Literatura, provocam autores e impactam seus trabalhos. Nesta edição, além de assuntos relacionados à prática da escrita literária e suas nuances, teremos debates envolvendo as questões da mulher negra, a intolerância, o lugar do escritor em meio ao embrutecimento humano nos dias atuais. As mesas não possuem um tema específico e isso permite uma liberdade maior para que os mediadores e autores dialoguem com o público.

O que podemos esperar para a edição de 2019?

Tom Correia: Estamos ainda totalmente dedicados a esta 8ª edição, cujo momento máximo de celebração se aproxima. A edição seguinte só começa a ser pensada após um balanço que nos orienta sobre os acertos e os ajustes a serem feitos para as futuras edições.

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