O QUE VÃO FAZER COM AS MÍDIAS ALTERNATIVAS?

Foto: Divulgação

A notícia de que as emissoras de rádio deverão ter que pagar à Globo para transmitir os jogos do Campeonato Brasileiro de futebol e de que as demais emissoras de televisão não poderão mais fazer flashes ou boletins antes e depois da realização dos jogos nos estádios, caiu como uma bomba nos bastidores dos meios de comunicação. Tal mudança tornará inviável boa parte da cobertura jornalística das emissoras, e limitará até mesmo a quantidade de informações que o público vai ter sobre os times e as partidas, já que vão ter uma grande redução na variedade de meios para buscar as notícias.

A medida é injusta sob todos os pontos de vista. Não é admissível que as emissoras de rádio, que popularizaram o futebol no país e tornaram o esporte tão apaixonante para os brasileiros, a ponto de se tornar um produto comercial extremamente atrativo, fiquem sem a possibilidade de transmissão das partidas, já que os valores que deverão ser cobrados inviabilizarão o trabalho de praticamente todas as emissoras, com raríssimas exceções. E lembrando que a Globo tem os direitos exclusivos para a transmissão televisiva. Detenção de direitos sobre transmissões radiofônicas, e obviamente, sem a possibilidade do uso de imagens, nunca estiveram em pauta. Já pelo ponto de vista das demais emissoras de televisão, cercear o direito de realizar o trabalho jornalístico, mesmo sem transmitir o jogo, é quase uma censura. A CBF precisa fazer algo a respeito dos dois casos.

O pior de tudo isso é saber que hoje existem vários produtores de conteúdo que realizam trabalhos jornalísticos por meio de redes sociais como Youtube, Twitter e Instagram, e que costumam realizar lives nas quais chegam a transmitir os jogos na íntegra. Praticamente todo time tem ao menos um torcedor (ou vários), que compra o ingresso do jogo, procura um local privilegiado na arquibancada, com um bom ângulo de visão do campo, e através do celular, transmite as imagens da partida para milhares de pessoas. O que a Globo e a CBF vão fazer com esses produtores de conteúdo? Como fiscalizar e controlar o trabalho deles? É possível ter controle sobre as redes sociais? São pessoas que não pagam concessão, não pagam impostos, não geram empregos, e não têm praticamente custo algum para realizar transmissões que não são autorizadas, mas que não se consegue controlar. Não tenho nada contra esses produtores de conteúdo e acredito que a mídia alternativa tem sua importância, mas não acho justo retirar o direito de transmissão de quem sempre teve, se não conseguem controlar as transmissões de quem nunca teve esse direito. E com a menor quantidade de transmissões autorizadas pelo rádio, pode ter certeza que esse tipo de transmissão “clandestina” vai ganhar muito mais força. 

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