O FIM DAS INSTITUIÇÕES

Foto: Divulgação

Já abordei por diversas vezes aqui neste espaço as inúmeras mentiras ditas pelo ocupante atual do Palácio do Planalto. Também afirmei que esta compulsão por mentir pode ser analisada por duas vertentes: uma do ponto de vista do método, ou seja, utilizar esta prática para disseminar e acelerar a destruição da institucionalidade e assim atender aos propósitos políticos e a outra vertente diz respeito a compulsão por mentir se constitui de um traço da personalidade de uma pessoa, diria até de uma patologia psíquica. Enfim, para mim ambas convivem com o presidente da república.

 

As provas das inúmeras mentiras presidenciais estão aí para serem vistas. A mais recente se deu anteontem quando sem nenhum fundamento soltou a notícia de que o TCU havia apresentado um relatório de que havia super notificações dos estados da federação de mortes de covid, e com isto o presidente Bolsonaro concluiu que agiam assim os governadores para receber mais verbas da União. Segundo o próprio, ele tinha documento que comprova a sua fala e que ainda iria distribuir aos jornalistas amigos. Entende-se por “jornalistas amigos” aquele grupo de puxa sacos que adora noticiar as mentiras e as birutices da presidência, que podem ser tudo, menos jornalistas. Inclusive tem um que já deveria estar aposentado.

 

O TCU imediatamente soltou uma nota desmentindo o presidente, afirmando que nunca emitiu qualquer relatório com as mentiras ditas no cercadinho dos desocupados e pelo que ficou apurado, o dito documento foi produzido por um sujeito sem autorização e sem o conhecimento do tribunal e ainda recheado de dados falsos e que não faz parte de nenhum processo do órgão. Apenas para ilustrar: o sujeito teria sido indicado pelos filhos do presidente para ocupar uma diretoria no BNDES, mas foi impedido. Tá explicado. Ontem, contrariando suas condutas, o presidente da república resolveu se retratar. Mas só aconteceu porque a mentira não se sustentava e foi fortemente rebatida.

 

Em sua coluna ontem na Folha de São Paulo, a jornalista Thaís Oyama pede inclusive que o presidente da república seja responsabilizado pelas inúmeras mentiras que diz diariamente. Realmente não pode ficar impune uma autoridade, com as responsabilidades que tem, principalmente a presidência da república. E a mentira se estende ao seu ministério incompetente e com a mesma desfaçatez .Basta ouvir o depoimento do ministro da saúde na CPI. Mente sem pudor e sem se preocupar em ser confrontado. O presidente faz escola.

 

Independente desta compulsão patológica para mentir, o presidente da república tem também uma outra missão. A de promover de modo sistemático a destruição das instituições do Brasil. E a mais recente de suas atitudes foi a indicação do embaixador para a África do Sul.

 

Pois bem, o presidente resolveu indicar nada mais nada menos do que o ex-prefeito do Rio de Janeiro, o pior administrador de todos os tempos desta bela cidade para o cargo de embaixador do país africano. Como se não bastasse, ele foi preso por alguns dias no ano passado acusado por corrupção e ainda está respondendo processo crime. E pasmem caros amigos, está impedido de sair do país por decisão judicial e tem o passaporte retido. Me digam, é ou não é destroçar a institucionalidade ?. Esta indicação é um acinte ao Itamaraty e um desserviço à diplomacia brasileira. Lembrando que o atual embaixador na África do Sul tem apenas 5 meses no cargo.

 

A escolha ao que aparenta ser, é para agradar a ala evangélica do congresso nacional e também tentar resolver um imbróglio que envolve a Igreja Universal em Angola. Não importa a motivação, mas uma coisa é certa, os interesses do Brasil que não é. Mas na cabeça presidencial oca, seu intento é justamente este, ou seja, destruir a instituições da administração pública de forma despudorada. E como disse é método. Quando mente, ofende membros de outros poderes, o presidente da república faz com que os órgãos da administração fique refém de suas investidas e com o baguncismo tentar impor as suas distorcidas visões de mundo.

 

Estes comportamentos traduzem o estado de indigência que se encontra o Brasil atualmente. Temos um presidente da república que mente dia sim e outro também, pouco se importando com as consequências que isto possa causar. Aliado a este comportamento compulsivo, está o trabalho constante de depredação da institucionalidade. Quando um presidente da república indica um embaixador, sem qualificação, passaporte retido pela justiça, se isto não é uma deliberada ação para conspurcar com os valores da democracia, então não entendo de mais nada.

 

São por estas e outras que o Brasil segue o seu caminho para a irrelevância internacional. Passamos a ser vistos como um país que não leva a sério os princípios básicos da democracia. Não estou dizendo que não temos democracia. Estou afirmando que valores da democracia tem sido alvo de constantes ataques. Não precisa maiores digressões, basta apenas que se observe as constantes manifestações de um bando de abilolados e idiotas que ficam gritando em passeatas à volta da ditadura do AI 5, fechamento do congresso nacional e do STF, tudo com a complacência presidencial. É preciso que fiquemos alerta. Comecemos pedindo que o presidente da república seja responsabilizado por suas mentiras diárias

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