O dia 25 de novembro foi escolhido para celebrar a importância econômica e cultural dessas profissionais.
Responsáveis por manter a tradição afrobrasileira através da vestimenta
que faz referência aos orixás, e principalmente pela venda de deliciosos
quitutes, as baianas de acarajé se dedicam a um ofício declarado
patrimônio da humanidade, desde 2005, pelo Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O dia 25 de novembro foi
escolhido para celebrar a importância econômica e cultural dessas
profissionais. A data festiva coincide com o Dia Internacional da Não
Violência contra a Mulher e marca o início da Campanha Mundial 16 Dias
de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher.
Um ato promovido pelo Governo do Estado, nesta quarta-feira (25), reuniu
centenas de pessoas na Igreja do Rosário dos Pretos, que depois
seguiram em caminhada até a Praça da Cruz Caída, onde está localizado o
Memorial das Baianas. Além de filhos e filhas de santo, lideranças da
Igreja Católica, participaram as titulares das secretarias de Políticas
para as Mulheres (SPM), Olívia Santana, e de Promoção da Igualdade
Racial (Sepromi), Vera Lúcia Barbosa.
“Fizemos este pacto com a Associação Nacional das Baianas de Acarajé e
Mingaus (Abam) para [tornar] o Dia da Baiana de Acarajé também um dia de
luta pelo fim da violência contra a mulher. Teremos uma série de
atividades no sentido de garantir que a população se levante em prol
desta causa. É preciso desenvolver políticas públicas, mas também ter
mudança de mentalidade”.
Libertação cultural
A população vê as baianas de acarajé como importante símbolo cultural e
apoia atividades, que mesclam preservação da atividade das baianas com
as campanhas pelo fim da violência de gênero. Para a dançarina
norte-americana Nefertiti Altan, que vive em Salvador há três anos, a
figura da baiana de acarajé representa a resistência e, ao mesmo tempo, a
libertação cultural.
“Durante muito tempo, além do preconceito, da escravidão, do controle
contra os escopos de mulheres negras, elas sustentam uma prática
cultural que até hoje continua com muito orgulho e beleza. [É] uma forma
de se conectar com o passado e também com o futuro. [...] Salvador sem
elas não seria Salvador".
Há apenas um dia na capital baiana, a turista do Amapá, Thaíza Soares,
passava pelo Pelourinho no momento em que aconteciam as homenagens. “Não
tem como vir à Bahia e não tirar foto com as baianas. A impressão que a
gente tem é que as baianas fazem parte da história do estado”.
Capacitação
A maioria das baianas de acarajé são negras. Por isso, a Sepromi
desenvolve políticas públicas que contemplam esse grupo social. “São
mulheres guerreiras que mantêm um oficio que é tradição no nosso estado.
Ano passado, o Governo do Estado instituiu a lei do empreendedorismo
para negros e negras”, afirmou a secretária Vera Lúcia Barbosa.
Ela citou também a capacitação realizada em parceria com o Serviço
Nacional do Comércio (Senac). "Isso tem tudo a ver com a missa realizada
hoje em homenagem a elas, casando tudo isso com o Mês da Consciência
Negra”.
Representando a diretoria da Abam, Solange Maria observou que, além de
ser uma importante fonte de renda para milhares de mulheres, a produção
de acarajé está associada à religião. “Uma baiana de acarajé não é só
[para] ficar bonita. Começa o dia pela manhã [preparando os
ingredientes] e à tarde [vendendo] no tabuleiro, toda bonita”.
Solange disse que “é preciso ter consciência [de] que muitas baianas
trazem [a vocação] dos terreiros. Elas vão para o terreiro, onde são
escolhidas, e o santo determina este caminho. Então elas vão fazer
acarajé para sobreviver e pagar as obrigações [religiosas]. [É] uma
determinação do orixá”.
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