Destemido, brasileiro e único sobrevivente da queda do avião da Varig continua viajando em aeronaves

A surpresa, detalhes da trajédia, socorro, sobrevida e recomeço; Confira a entrevista exclusiva concedida pelo resiliente ao Bom Dia Feira.

Foto: Arquivo pessoal/Ricardo Trajano

O brasileiro Ricardo Trajano, engenheiro, juntou quatro semestres de salário para viajar à Inglaterra. Há 45 anos atrás, ele aproveitava alguns dias na capital inglesa, na qual seus grupos musicais prediletos se apresentavam no país, Há exatos 45 anos atrás, restava apenas uma aeronave da Varig parar na cidade da Torre Eiffel e finalizar seu trajeto: Trajano desceria em Londres.

A surpresa: Pouco tempo antes da aeronave desembarcar no destino, um princípio de incêndio. Uma fumaça fez com que o comandante do avião da empresa forçasse um pouso de emergência, em uma área rural. A cortina química e as chamas vitimaram mais de 100 passageiros. Quase uma dúzia resistiram, apenas um trabalhava na companhia aérea. Dos tripulantes, só o brasileiro está vivo para contar a história.

Em 2018, mais de 4 décadas após a tragédia, Ricardo Trajano reside em Minas Gerais e assegura não ter receio de continuar viajando em Boeing’s. O mesmo afirmou não ter traumas e que ainda opta por viagens pelo ar do que pelo chão, ao Bom Dia Feira.

A prova disso é que, depois de ficar internado um trimestre em tratamento na França e no Brasil, Ricardo voltou para à terra da Rainha Elizabeth para completar o seu passeio, aproveitando a mesma passagem.

Com isso, no início do ano seguinte, ele e um companheiro desembarcaram na metrópole britânica. Carioca, retornou do exterior com um instrumento musical de um ídolo adquirido em um departamento da cidade.

Detalhes da tragédia: Os registros de aeroportos recordam esta queda como uma das piores já acontecidas. Não é fácil pensar em um Varig, tecnológico para o século XX, ser acometido por uma falha a poucos quilômetros da pista de pouso.

A perícia concluída, detalhada pelo Estado dois anos depois do acidente, julga erro técnico como provável motivo. Contudo, a causa mais aceita apontada pela polícia relata falha humana.

O nosso personagem sobrevivente localizava-se nas cadeiras do fundo do avião, próximo onde o fogo se alastrou, e logo notou as chamas.

Ele relatou que ao notar o problema, pessoas a bordo começaram a passar mal. A maioria absoluta dos passageiros da aeronave ficaram atordoados com a cortina química. A investigação conclui que o calor apenas acometeu as pessoas quando o Boeing já havia pousado de barriga, momento em que quase todos já não tinham mais vida por falta de ar.

Mesmo com este momento de desespero, Ricardo recordou que manteve a paciência e passou um “filme” na sua memória diante a situação desoladora, onde iniciou uma rápida reflexão sobre sua existência.

Socorro, sobrevida e recomeço - Ricardo Trajano teve, por um instante, seu nome na lista de obituário, o que deixou seus parentes em pânico. Após mais de 24h desacordado, o resiliente teve forças para redigir em uma página em branco seus registros individuais para esclarecer o embaraço. O mesmo tinha pela frente três meses de internato.

Informações do âncora Dilson Barbosa


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